Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/179

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alma para o altar, como se ele fosse o próprio Deus a cuja bênção as cabeças se curvavam ao comprido da Sé, até ao fundo, onde os homens do campo com os seus varapaus pasmavam para os dourados do sacrário.

À saída da missa começara a chover; e Amélia e a mãe, á porta com outras senhoras, esperavam uma "aberta".

— Olá! por aqui? disse de repente Amaro, chegando-se, muito branco.

— Estamos à espera que passe a chuva, senhor pároco, disse a S. Joaneira voltando-se. E imediatamente, muito repreensiva: - E por que não tem aparecido, senhor pároco? Realmente! Que lhe fizemos nós? Credo, até dá que falar...

— Muito ocupado, muito ocupado... balbuciou o pároco.

— Mas um bocadinho à noite. Olhe, pode crer, tem-me causado desgosto... E todos têm reparado. Não, lá isso, senhor pároco, tem sido ingratidão!

Amaro disse, corando:

— Pois acabou-se. Hoje à noite lá apareço, e estão as pazes feitas...

Amélia, muito vermelha, para encobrir a sua perturbação olhava para todos os pontos o céu carregado, como assustada do temporal.

Amaro então ofereceu-lhe o seu guarda-chuva. E enquanto a S. Joaneira o abria, apanhando com cuidado o vestido de seda, Amélia disse ao pároco:

— Até à noite, sim? - e mais baixo, olhando em redor, com medo: - Oh, vá! Tenho estado tão triste! tenho estado como doida! Vá, peço- lhe eu!

Amaro, voltando para casa, continha-se para