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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/207

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strito!?

Era papel em que ele não pusera os olhos, disse. Então as senhoras indignadas romperam:

— Ai! é um desaforo!

— Ai! é um escândalo, senhor pároco!

Natário com as mãos enterradas nas algibeiras contemplava o pároco com um sorrizinho sarcástico, saltando dentre os dentes:

— Não leu! Não leu! Então que fez?

Amaro reparava, já aterrado, na palidez de Amélia, nos seus olhos muito vermelhos. E enfim o cônego erguendo-se pesadamente:

— Amigo pároco, dão-nos uma desanda...

— Ora essa! exclamou Amaro.

— Tesa!

O senhor cônego, que trouxera o jornal, devia ler alto - lembraram.

— Leia, Dias, leia, acudiu Natário. Leia, para saborearmos!

A S. Joaneira deu mais luz ao candeeiro: o cônego Dias acomodou- se à mesa, desdobrou o jornal, pôs os óculos cuidadosamente, e, com o lenço do rapé nos joelhos, começou a leitura do Comunicado na sua voz pachorrenta.

O princípio não interessava: eram períodos enternecidos em que o liberal exprobrava aos fariseus a crucificação de Jesus: - "Por que o matásteis? (exclamava ele). Respondei!" E os fariseus respondiam: - "Matamo-lo porque ele era a liberdade, a emancipação, a aurora de uma nova era", etc. O liberal então esboçava, a largos traços, a noite do Calvário: - "Ei-lo pendente da cruz, traspassado de lanças, a sua túnica jogada aos dados, a plebe infrene", etc. E, voltando a dirigir-se aos fariseus infelizes, o liberal gritava-lhes com ironia: - "