Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/245

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murcha, com a testa sobre o punho. Natário, a grandes passadas, fazia uma ventania na sala com as abas do casacão.

— E quando vem essa boda? exclamou ele, estacando subitamente diante de Amélia e do escrevente, que tomavam o chá sobre o piano,

— Um dia cedo, respondeu ela sorrindo.

Amaro então ergueu-se devagar, e tirando o seu cebolão:

— São horas de me ir chegando à Rua das Sousas, minhas senhoras, disse com uma voz desalentada.

Mas a S. Joaneira não consentiu. Credo, estavam todos monos como se estivessem de pêsames!... Que fizessem um quino para espairecer... - O cônego porém, saindo do seu torpor, disse com severidade:

— Está a senhora muito enganada, ninguém está mono. Não há razões senão para estar alegre. Pois não é verdade, senhor noivo?

João Eduardo mexeu-se, sorriu:

— Eu cá por mim, senhor cônego, não tenho razão senão para estar feliz.

— Pois está claro, disse o cônego. E agora Deus lhes dê boas-noites a todos, que eu vou quinar para vale de lençóis. E o Amaro também.

Amaro foi apertar silenciosamente a mão de Amélia, - e os três padres desceram calados.

Na saleta a vela ainda ardia com um morrão. O cônego entrou a buscar o seu guarda-chuva; e então, chamando os outros, cerrando devagarinho a porta, disse-lhes baixo:

— Eu, colegas, não quis assustar há pouco a