Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/278

Wikisource, a biblioteca livre

lenço preto repuxado sobre a testa, um ar agradável para o senhor pároco.

— Ora ditosos olhos, exclamou. Eu entrei há bocadinho, e já cá tenho a primeira missinha. Fui hoje à capela de Nossa Senhora do Rosário... Disse-a o padre Vicente. Ai! e que virtude, que me fez hoje, senhor pároco! Sente-se. Aí não, que lhe vem ar da porta... E então a pobre entrevada lá se foi... Conte lá, senhor pároco...

O pároco teve de descrever a agonia da entrevada, a dor da S. Joaneira; como depois de morta a face da velha parecera remoçar; o que as senhoras tinham decidido a respeito da mortalha...

— Aqui para nós, D. Josefa, é um grande alívio para a S. Joaneira... - E de repente, puxando-se para a beira da cadeira, assentando as mãos nos joelhos: - E que me diz à do Sr. João Eduardo? Já sabe? Foi ele que escreveu o artigo!

A velha exclamou, levando as mãos à cabeça:

— Ai! nem me fale nisso, senhor pároco! Nem me fale nisso, que até tenho estado doente!

— Ah, já sabe?

— E mais que sei, senhor pároco! O Sr. padre Natário, devo-lhe esse favor, esteve aqui ontem e contou-me tudo! Ai, que maroto! Ai, que alma perdida!

— E sabe que é o íntimo do Agostinho, que são bebedeiras na redação até de madrugada, que vai para o bilhar do Terreiro achincalhar a religião...

— Ai, por quem é, senhor pároco, nem me diga, nem mo diga! Que ontem, quando o Sr. padre Natário esteve ai, até tive escrúpulos de ouvir tanto pecado... Que lhe devo esse favor, ao Sr. padre