— Ó Gustavo, sejamos razoáveis! um homem pode ter os seus princípios, trabalhar pela sua causa, mas casar, arranjar o seu conchego, ter uma família.
— Nunca! exclamou o tipógrafo exaltado. O homem que casa está perdido! Daí por diante é ganhar a papa, não se mexer do buraco, não ter um momento para os amigos, passear de noite os marmanjos quando eles berram com os dentes. É um inútil! É um vendido! As mulheres não entendem nada de política. Têm medo que o homem se meta em barulhos, tenha turras com a polícia. Está um patriota atado de pés e mãos! E quando há um segredo a guardar? O homem casado não pode guardar um segredo?... E ai está às vezes uma revolução comprometida... Sebo para a família! Outra de azeitonas, tio Osório!
A pança do tio Osório apareceu entre os tabiques.
— Então que estão os senhores aqui a questionar, que parece que entraram os da Maia no concelho de distrito?
Gustavo atirou-se para o fundo do banco, de pema estirada, e interpelando-o de alto:
— O tio Osório é que vai dizer. Diga lá o amigo. Vossemecê era homem de mudar as suas opiniões políticas para fazer a vontade à sua patroa?
O tio Osório acariciou o cachaço e disse com um tom finório:
— Eu lhe respondo, Sr. Gustavo. Mulheres são mais espertas que nós... E em política, como em negócio, quem for com o que elas dizem vai pelo seguro... Eu sempre consulto a minha, e se