pregão por trás dos seus tabuleiros de cavacas; e os pobres, afreguesados à cidade, choramigavam Padre-Nossos pelas esquinas.
Já senhoras passavam para a missa, todas em sedas, de rostinho sisudo; e a Arcada estava cheia de cavalheiros, tesos nos seus fatos de casimira nova, fumando caro, gozando o domingo.
Amélia foi muito olhada: o filho do recebedor, um atrevido, disse mesmo alto dum grupo: Ai, que me leva o coração! E as duas senhoras, apressando-se, dobravam para a Rua do Correio, quando lhes apareceu o Libaninho de luvas pretas e cravo ao peito. Não as tinha visto desde "o desacato do Largo da Sé", e rompeu logo em exclamações. Ai, filhas, que desgosto aquele! O malvado do escrevente! Ele tinha tido tanto que fazer, que só nessa manhã é que pudera ir ao senhor pároco dar-lhe os sentimentos; o santinho recebera-o muito bem, estava-se a vestir; ele quis ver-lhe o braço e felizmente, louvores a Deus, nem uma pisadura... E se elas vissem, que carnadura tão delicada, que pele tão branca... Uma pelinha de arcanjo !
— Mas querem vocês saber, filhas? Encontrei-o numa grande aflição!
As duas senhoras assustaram-se. Por quê, Libaninho?
A criada, a Vicência, que havia dias se queixava, tinha ido nessa madrugada para o hospital com um febrão...
— E ali está o pobre santo sem criada, sem nada! Vejam vocês! Para hoje bem, que vai jantar com o nosso cônego (também lá estive, ai, que santo!), mas amanhã, mas depois? Que ele