Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/408

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deitada para as costas da cadeira, sufocando-se para se conter.

Os olhinhos de D. Joaquina chamejavam.

— É indecente, é indecente! gritava.

Calmaram-na: Amélia teve de lhe jurar sob os Santos Evangelhos que fora uma idéia extravagante que tivera, que era nervoso...

— Ai, disse D. Maria da Assunção, ela tem razão em se orgulhar. Que é uma honra para a casa! Em se sabendo...

O pároco interrompeu com severidade:

— Mas não se deve saber, Sra. D. Maria da Assunção! De que serve, aos olhos do Senhor, uma boa obra de que se tire alarde e vanglória?

D. Maria vergou os ombros, humilhando-se à repreensão. E Amaro, com gravidade:

— Isto não deve sair daqui. É entre Deus e nós. Queremos salvar uma alma, consolar uma enferma, e não ter elogios nos periódicos. Pois não é assim, padre-mestre?

O cônego ergueu-se pesadamente:

— Você esta noite tem falado com a língua de ouro de S. Crisóstomo. Eu estou edificado; e não se me dava agora de ver aparecer as torradas.

Foi então, enquanto a Ruça não trazia o chá, que se decidiu que Amélia, todas as semanas, uma ou duas vezes segundo fosse a sua devoção, iria em segredo, para que a ação fosse mais valiosa aos olhos de Deus, passar uma hora à cabeceira da paralítica, ler-lhe a Vida dos Santos, ensinar-lhe rezas e insuflar-lhe a virtude.

— Enfim, resumiu a Sra. D. Maria da Assunção voltando-se para