— O cheiro é desagradável! rosnou o cônego, entrando.
Que queria! A rapariga era uma porca, não havia tê-la arranjado. O pai, esse, um desleixado também...
— É aqui, senhor cônego, disse, abrindo a porta da alcova - que, agora, em obediência às ordens do senhor pároco, o tio Esguelhas deixava sempre fechada.
Encontraram a Totó meio erguida sobre a cama, com a face acesa numa curiosidade, àquela voz do cônego que não conhecia.
— Ora viva lá a Sra. Totó! disse ele da porta, sem se aproximar.
— Vá, cumprimenta o senhor cônego, disse Amélia, começando logo, com uma caridade desacostumada, a compor a roupa da cama, a arrumar a alcova. Dize-lhe como estás... Não te faças amuada!
Mas a Totó permaneceu tão muda como a imagem de S. Bento que tinha à cabeceira, examinando muito aquele sacerdote tão gordo, tão grisalho, tão diferente do senhor pároco... E os seus olhos, mais brilhantes todos os dias à medida que se lhe cavavam as faces, iam, como de costume, do homem para Amélia, numa ansiedade de perceber por que o trazia ela ali, àquele velho obeso, e se ia também subir com ele para o quarto.
Amélia agora tremia. Se o senhor pároco entrasse, e ali, diante do cônego, a Totó, tomada do seu frenesi, rompesse aos gritos, tratando-os de cães!... Com o pretexto de dar uma arrumadela, foi à cozinha vigiar o pátio. Faria um sinal da janela, apenas Amaro aparecesse.