E o cônego, só na alcova da Totó, preparando-se para começar as suas observações, ia perguntar-lhe quantas eram as pessoas da Santíssima Trindade, - quando ela, adiantando a face, lhe disse numa voz sutil como um sopro:
— E o outro?
O cônego não compreendeu. Que falasse alto! Que era?
— O outro, o que vem com ela!
O cônego chegou-se, com a orelha dilatada de curiosidade:
— Que outro?
— O bonito. O que vai com ela para o quarto. O que a belisca...
Mas Amélia entrava; e a paralítica calou-se logo, repousada, com os olhos cerrados e respirando regaladamente, como num alívio repentino de todo o seu sofrimento. O cônego, esse, imobilizado de assombro, permanecia na mesma postura, dobrado sobre a cama como para auscultar a Totó. Ergueu-se por fim, soprou como numa calma de agosto, sorveu de espaço uma pitada forte; e ficou com a caixa aberta entre os dedos, os olhos muito vermelhos cravados na colcha da Totó.
— Então, senhor cônego, que lhe parece cá a minha doente? perguntou Amélia.
Ele respondeu, sem a olhar:
— Sim senhor, muito bem... Vai bem... É esquisita... Pois é andar, é andar... Adeus...
Saiu, resmungando que tinha negócios, - e voltou imediatamente à botica.
— Um copo de água! exclamou, caindo em cheio sobre a cadeira.