Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/448

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Então apertaram ainda uma outra vez afetuosamente a mão.

Mas a torre gemeu as três badaladas. Era a hora de jantar do cônego.

E ao sair, batendo nas costas de Amaro, fazendo luzir um olho de entendedor:

— Pois seu velhaco, tem dedo!

— Que quer você? Que diabo... Começa-se por brincadeira...

— Homem! disse o cônego sentenciosamente, é o que a gente leva de melhor deste mundo.

— É verdade, padre-mestre, é verdade! É o que a gente leva de melhor deste mundo.



Desde esse dia Amaro gozou uma completa tranquilidade de alma. Até aí incomodava-o, por vezes, a idéia de que correspondera ingratamente à confiança, aos carinhos que lhe tinham prodigalizado na Rua da Misericórdia. Mas a tácita aprovação do cônego viera tirar-lhe, como ele dizia, aquele espinho da consciência. Porque enfim, o chefe de família, o cavalheiro respeitável, o cabeça - era o cônego. A S. Joaneira era apenas uma concubina... E Amaro mesmo, às vezes agora, em tom de galhofa, tratava o Dias de seu caro sogro.

Outra circunstância viera alegrá-lo: a Totó adoecera de repente: o dia seguinte ao da visita do cônego, passara-o soltando golfadas de sangue: o doutor Cardoso, chamado à pressa, falara de tísica galopante, questão de semanas, caso decidido...

— É destas, meu amigo, tinha ele dito,