Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/478

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tipógrafo lembrava-lhe a história que lhe contavam em pequena, dum veado que estava sempre à vista e que os caçadores a galope nunca alcançavam. Uma perseguição assim!... Mas, finalmente, apanhara-o... E tocadito, por sinal.

— Acabe, mulher! berrou o cônego.

— Pois aqui está, disse ela. Nada!

Os dois sacerdotes olharam-na mistificados.

— Nada quê, criatura?

— Nada. O homem foi para o Brasil!

O Gustavo recebera de João Eduardo duas cartas: na primeira, onde lhe dava a morada, para o lado do Poço do Borratém, anunciava-lhe a resolução de ir para o Brasil; na segunda dizia-lhe que mudara de casa, sem lhe indicar a nova adresse, e declarava que pelo próximo paquete embarcava para o Rio; não dizia nem com que dinheiro, nem com que esperanças. Tudo era vago e misterioso. Desde então, havia um mês, o rapaz não tornara a escrever, donde o tipógrafo concluía que ia a essa hora nos altos-mares... - "Mas havemos de vingá-lo!" tinha ele dito a Dionísia.

O cônego remexia pausadamente o seu café, embatocado.

— E esta, padre-mestre? exclamou Amaro, muito branco.

— Acho-a boa.

— Diabo levem as mulheres, e o inferno as confunda! disse surdamente Amaro.

— Amém, respondeu gravemente o cônego.