todas as semanas. Ainda no sábado passado a vira sair da taberna do Grego... O senhor pároco já tinha ido à Barrosa?
Esperou a resposta do pároco, e continuou:
— Pois bem, sabe o começo da freguesia. Há um muro caído. Depois é um caminho que desce. Ao fundo desse corregozito encontra um poço atulhado. Adiante, retirada, há uma casita que tem um alpendre. É lá que ela vive... Chama-se Carlota... Isto é para lhe mostrar que sei, amiguinho!
O pároco ficou toda a manhã em casa, passeando pelo quarto, alastrando o chão de pontas de cigarros. Ali estava agora diante daquele episódio fatal, que até aí fora apenas um cuidado distante - dispor do filho!
Era bem grave entregá-lo assim a uma ama desconhecida, na aldeia. A mãe, naturalmente, havia de querer ir a todo o momento vê-lo, a ama poderia falar aos vizinhos. O rapaz viria a ser, na freguesia, o filho do pároco... Algum invejoso, que lhe cobiçasse a paróquia, poderia denunciá-lo ao senhor vigário-geral. Escândalo, sermão, devassa: e, se não fosse suspenso, poderia como o pobre Brito ser mandado para longe, para a serra, outra vez para os pastores... Ah! se o fruto nascesse morto! Que solução natural e perpétua! E para a criança, uma felicidade! Que destino podia ele ter neste duro mundo? Era o enjeitado, era o filho do padre. Ele era pobre, a mãe pobre... O rapaz cresceria na miséria, vadiando, apanhando o estrume das bestas, remeloso e tosco... De necessidade em necessidade iria conhecendo todas as formas do inferno humano: os dias