que estou lá fazendo muita virtude... Meto-me com os soldadinhos, falo-lhes das chagas de Cristo...
— Andas a converter o regimento, disse Amaro que mexia nos papéis da mesa, passeava, numa inquietação de animal preso.
— Não é para as minhas forças, pároco, que se eu pudesse!... Olha, agora vou eu levar a um sargento uns bentinhos... Foram benzidos pelo Saldanhinha, vão cheios de virtude. Ontem dei outros iguais a um anspeçada, perfeito rapaz, um amor de rapaz. Pus-lhos eu mesmo por baixo da camisola. Perfeito rapaz!...
— Devias deixar esses cuidados pelo regimento ao coronel, disse Amaro abrindo a janela, abafando de impaciência.
— Credo, olha o ímpio! Se o deixassem desbatizava o regimento. Pois adeus, parocozinho. Estás amarelinho, filho... Precisas purga, eu sei o que isso é.
Ia a sair, mas à porta, parando:
— Ai, dize cá, parocozinho, dize cá: tu ouviste alguma coisa?
— De quê?
— Foi o padre Saldanha que mo disse. Diz que o nosso chantre declarara (palavras do Saldanhinha) que lhe constava que ia na cidade um escândalo com um senhor eclesiástico... Mas não disse quem nem o quê... O Saldanha qui-lo sondar, mas o chantre diz que recebera só uma denúncia vaga, sem nome... Tenho estado a pensar: quem será?
— Pataratas do Saldanha...
— Ai, filho ! Deus queira que sejam. Que