ao enterro. Era João Eduardo, de luvas pretas, carregado de luto, com as olheiras cavadas em dois sulcos negros, grossas lágrimas a correrem-lhe nas faces. E imediatamente, por trás dele, vieram colocar-se dois criados de farda, com as calças muito arregaçadas e tochas na mão - dois lacaios que mandara o Morgado, para honrar o enterro duma dessas senhoras da Ricoça, amigas do abade.
Então, vendo estas duas librés que vinham afidalgar o préstito, o menino do coro rompeu logo, erguendo mais alto a cruz; os quatro homens, já sem fadiga, empertigaram-se às varas da padiola: o sacristão bramiu um Requiem tremendo. E pelas lamas do íngreme caminho da aldeia foi subindo o enterro, enquanto às portas as mulheres se ficavam persignando, olhando as sobrepelizes brancas e o caixão de galões de ouro, que se iam afastando seguidos do grupo de guarda-chuvas abertos, sob a chuva triste.
A capela era no alto, num adro de carvalheiras: o sino dobrava: e o enterro sumiu-se para o interior da igreja escura, ao canto do Subvenite sancti que o sacristão entoou em ronco. - Mas os dois criados de farda não entraram porque o Sr. Morgado assim o tinha ordenado.
Ficaram à porta, sob o guarda-chuva, escutando, batendo os pés regelados. Dentro seguia o cantochão; depois era um ciciar de orações que se amortecia; e de repente latins fúnebres lançados pela voz grossa do vigário.
Então os dois homens, enfastiados, desceram do adro, entraram um momento na taberna do tio Serafim. Dois moços de gado da quinta do