Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/619

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que um guarda-livros de hotel, que do alto do degrau da Casa Havanesa brandia a bengala, aconselhando à França a restauração dos Bourbons.

Então um homem vestido de preto, que saíra do estanco e atravessava por entre os grupos, parou, sentindo uma voz espantada que exclamava ao lado:

— Ó padre Amaro! Ó maganão!

Voltou-se: era o cônego Dias. Abraçaram-se com veemência, e para conversarem mais tranquilamente foram andando até ao Largo de Camões, e ali pararam, junto à estátua:

— Então você quando chegou, padre-mestre?

Tinha chegado na véspera. Trazia uma demanda com os Pimentas da Pojeira por causa duma servidão na quinta, tinha apelado para a Relação, e vinha seguir de perto a questão na capital.

— E você, Amaro? Na última carta dizia-me que tinha vontade de sair de Santo Tirso.

Era verdade. A paróquia tinha vantagens; mas vagara Vila Franca, e ele, para estar mais perto da capital, viera falar com o Sr. conde de Ribamar, o seu conde, que lá andava obtendo a transferência. Devia-lhe tudo, sobretudo à senhora condessa!

— E de Leiria? A S. Joaneira, vai melhor?

— Não, coitada... Você sabe; ao princípio tivemos um susto dos diabos... Pensávamos que lhe ia suceder como à Amélia. Mas não, era hidropisia... E ali o que há é anasarca...

— Coitada, santa senhora! E o Natário?

— Avelhado! Tem tido os seus desgostos. Muita língua.

— E diga lá, padre-mestre, o Libaninho?