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torno de Rhayader, e os caçadores de aves selvagens da região o odiavam, visto que ele interferia em seu esporte.
Mas maior que seu medo era o problema que ela precisava solucionar. Pois no seu coração de criança havia o conhecimento, aprendido em algum lugar da região pantanosa, de que este ogro que vivia no farol possuía uma mágica que curava coisas machucadas.
Ela nunca havia visto Rhayader antes e estava quase fugindo em pânico com a aparição sombria que surgiu na porta do ateliê, atraída por seus passos — o rosto com barba escura, a corcunda sinistra e a garra torta.
Ela ficou ali olhando, aprumada como uma ave do pântano atiçada e pronta para voar.
Mas a voz dele era profunda e simpática quando ele falou com ela:
— “O que você quer, menina?”
Ela se manteve firme e, então, deu um passo tímido à frente. O que ela carregava em seus braços era uma grande ave branca, que estava completamente inerte.
Haviam manchas de sangue nas penas brancas da ave, e também na roupa que a menina vestia.
A garota entregou a ave aos braços de Rhayader:
— “Eu achei ela, senhor. Ela está muito machucada. Ainda está viva?”
— “Sim. Sim, eu acho que sim. Entre criança, entre”, respondeu Rhayader.