Página:O Gaucho (Volume I).djvu/171

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Receou Loureiro que o menino, projetando alguma travessura, viesse a ser vítima da arma:

— Para que é esta faca, Manuel?

— Para te matar!

— A mim? Que mal lhe fiz eu, meu filho?

— Não sou teu filho!... gritou a criança querendo ferir.

Enquanto o negociante subtraía-se aos golpes, esforçando por arrancar a arma das mãos do menino, ele rangia os dentes, repetindo com voz surda:

— Não hás de casar com minha mãe!... Não quero!

Francisca apenas soube do que era passado, quis castigar o filho e o faria sem a intervenção de Loureiro. Depois ficou a cismar se o menino teria razão naquela repugnância. As pessoas do seu conhecimento a quem ela comunicou seus receios, os desvaneceram, zombando de semelhantes escrúpulos. Não passavam de caprichos de criança os aborrecimentos do Manuelzinho. O melhor remédio para isso era apressar o casamento; breve o menino se acostumaria com o padrasto, e acabaria por estimá-lo, como devia.