— Pede perdão a Deus, que chegou tua hora.
O castelhano de raiva emudecera.
A mulher do Barreda prostrava-se nesse momento aos pés de Manuel, implorando compaixão para o marido. Riu-se o gaúcho com dureza e escárnio:
— Virá outro marido para a consolar.
Arredando a desgraçada mulher, chegou o ferro da lança aos olhos do castelhano:
— Conheces!... É a lança com que há doze anos feriste meu pai à traição. Eu jurei que havia de cravá-la em teu coração, mas depois de vencer-te em combate leal. Chegou o momento.
Com uma calma feroz, espetou o ferro da lança, no corpo do assassino de seu pai, atravessando-lhe o coração como faria com uma folha seca.
Morzelo, que se conservava imóvel ao lado, durante toda esta cena, avançou a um sinal do senhor, e porventura ensinado, pisou com a pata a face contraída do moribundo, que ainda estremeceu, ante essa derradeira afronta.
Enquanto a vítima se debateu nas vascas da agonia, Manuel a contemplou friamente. Quando se apagou o último vislumbre de vida, se afastou