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Página:O Gaucho (Volume II).djvu/266

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os olhos fitos no semblante da moça, que os relâmpagos cingiam de uma auréola fulmínea, a alma do gaúcho se arrojava de novo nas torturas atrozes por que passara durante os últimos dias, esperando assim subtrair-se à irresistível atração dessa mulher, a quem amava ainda, mas com assomos de furor.

— Manuel, por piedade, Manuel, não me fujas. Ouve! A mulher que tu amaste não existe mais, morreu, ninguém sabe dela. Esta que te fala, nunca a viste, não a conheces; é uma desgraçada que por acaso encontras em teu caminho e que te implora de joelhos a esmola de uma palavra, de um olhar. Não te pede senão compaixão para este desespero com que te ama. Que te custa? Deixa-me seguir-te ao deserto; quando minha presença te aborrecer um dia, atira-me, ou deixa-me no rancho abandonado onde nunca mais voltarás, mas onde eu ficarei te esperando sempre até morrer consumida pela doce esperança.

Durante esta súplica férvida e soluçante, Manuel lutava com a comoção que o invadia. voltado com o impulso do homem que se precipita, ele estacava como suspenso por uma força ingente;