Página:O Hóspede.djvu/147

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de felicidades mansas! Oh! Ele queria dobrá-lo, este Cabo Tormentoso após o qual ficar-lhe-ia, ao fim da navegação, essa Índia poética e misteriosa das voluptuosidades asiáticas!

E como se reconhecia impotente e pequenino para tão grande empresa, incapaz de levá-la ao termo, sonhava uns meios de evitá-la, de pular por cima de todas estas dificuldades. Queria uns desenlaces rápidos e fáceis para esta situação que a cada momento sentia mais complicada. Por vezes, como uma idéia boa, pareceu-lhe muito mais agradável o deixar à moça a iniciativa dos primeiros passos. Assim era muito melhor! Quando estava só, lá no quarto, todo entregue a este escaldar de desejos, mordendo os travesseiros nuns paroxismos de paixões, sonhava o vê-la chegar de repente e entregar-se a ele cheia de súplicas, pedindo-lhe que a não fizesse mais sofrer, que a tomasse já e já. Ele então mostrar-se-ia bondoso e complacente, como um José que, depois de pequena resistência, acaba cedendo porque tem amor à roupa e não quer deixar a túnica nas mãos da mulher de Putifar. Assim, sim! E ele queria este desenlace como o mais cômodo e o menos trabalhoso, como a solução mais fácil àquele paroxismo de