Página:O Hóspede.djvu/45

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o Marcondes prometeu fazer-lhe a vontade. No dia seguinte, quando fosse a cidade, havia de procurar um, porque ao partir do Recife dera o seu a um amigo. Apenas d. Augusta não simpatizou muito com a idéia, achando a filha estouvada em fazer o pedido, atendendo a que o violão era instrumento de gente ordinária.

E como o Pedroca tivesse adormecido durante a conversa, um pouco zangado porque não se ocupavam mais dele, conservando ainda a atitude engraçadinha em que se pusera para ouvi-los, com a cabeça à beira da mesa reclinada sobre o bracinho esquerdo e um pedaço de torrada na mão, a velha senhora propôs que o fossem deitar. Então ela e a filha suspenderam a criança muito delicadamente a fim de não acordá-la e antes de se retirarem para o quarto deram boas noites, contando não voltar mais à sala. Todas as noites era aquilo mesmo e o Pedro que gostava muito de chá e tomava cinco ou seis xícaras antes de se deitar já se habituara a ficar sozinho, na debandada dos pratos, esvaziando o bule e acabando as torradas. Era então, nesse grande isolamento, sentindo atrás de si os últimos ecos murmurantes do dia que findava e a atmosfera abafada da casa lá