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O INFERNO
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I

O grupo dos philosophos
 

Os philosophos crêem em Deus, crêem na liberdade e immortalidade da alma, na justiça, em todas as noções moraes derivativas d'aquellas primaciaes verdades. Em revelações sobrehumanas é que não acreditam.

Ora, ameaças de inferno converterão tal gente? De quantos mysterios regeitam, o inferno é o mais incrivel; e tanto que irrita a propria fé, que, só abdicando o uso da razão, se submette. Dos philosophos não ha que esperar similhante sacrificio.

Se o dogma do purgatorio vos aproxima d'elles, o inferno, barreira que vos separa de tudo que raciocina, alonga-os de vós.

II

O grupo dos corruptos
 

Que lucram as pessoas de bem que esses patifes creiam no inferno? Está com isso a sociedade mais segura? E tal crença de que lhes serve a elles? O que os incommoda não é o diabo, é a policia; inquieta-os mais o degredo que o inferno.

Vá lá! — dizem elles — venha o inferno que não