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O INFERNO

prêas: — idêas positivamente exprimidas por Isaias, cap. LXVI, ultimo verso.

É egualmente certo que os rabbinos e tambem o povo, tão pouco iniciados até então andavam na mystica philosophia, que, se alguma vez discutiam, davam azo a que os prophetas se rissem ou indignassem; porém, depois que os rabbinos e o povo se recolheram do captiveiro, as suas noções eram mais amplas, e talvez as mesmas que se escondiam nas escólas do Carmelo e de Galgala.

Vamos vêr quaes são as noções não contidas no Antigo Testamento, mas traçadas manifestamente no Novo, as quaes, quando S. Paulo, S. Mathias, S. João e outros apostolos escreviam, já se haviam derramado na Judea, quinhentos ou mais annos antes.

Era dividido o Scheol, ou mundo futuro, em duas regiões, que comprehendiam o paraiso e a géhenna. A géhenna, objecto d'este estudo, era contada no numero das sete creações anteriores ao nosso universo. Á similhança do Amenthi egypcio e do Naraka indiatico, era formada de diversos circulos, mas só tinha sete, correspondendo aos sete dias do Genesis, e aos sete ceos ou sete circulos do paraiso. Havia géhenna superior e géhenna inferior. A superior abrangia os seis primeiros circulos: era uma especie de purgatorio onde baixavam, depois da morte, os peccadores dignos de perdão: uns ficavam no sexto, outros no quinto, outros no quarto circulo, outros no primeiro, conforme a gravidade ou leveza dos seus peccados.