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O INFERNO
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«II. Ó eternidade! Quando um condemnado podesse derramar lagrimas bastantes para fazerem quantos mares e rios tem o mundo, ainda que vertesse uma só lagrima em cada seculo, elle não estaria mais adiantado, depois de tantos milhões d'annos, como quando começou a penar.

«Ser-lhe-ha forçoso recomeçar como se não tivesse nada padecido; e, quando tiver recomeçado tantas vezes quantos são os grãos de areia nas praias, os atomos no ar e as folhas nos bosques, nada d'isso lhe será contado.

«III. Não só por toda a eternidade os condemnados soffrerão; mas, a cada instante, soffrem a eternidade inteira. Está-lhes sempre á vista a eternidade; em todas as dôres se lhes côa a eternidade. As penas infinitas continuamente lhes estão no espirito. Cruel idêa! deploravel situação! Arder por uma eternidade! chorar eternamente! Raivar sem fim!»

Esta meditação corresponde ao Setimo dia, que é