
URANTE o dia todo vaguei pela cidade na doce esperança de encontrar um fanchono em quem as minhas fórmas roliças e afeminadas despertassem o appetite e provocassem uma cantata.
Foi, porém, trabalho perdido: por mais que eu andasse pelos mictorios a espiar picas e fizesse mil gestos reveladores das minhas qualidades e encantos enrabativos, parece que naquelle dia os amadores de cús tinham desapparecido.
A's seis horas da tarde sentei-me, levado dos diabos, num dos bancos do Rocio, pensando na falta de enrabadores que ha nesta cidade.
Momentos depois, abancou-se junto a mim um cidadão alto, magro, ossudo, com um bom palmo de nariz e um tanto maduro. Olhou para mim umas tres vezes e sorriu; eu correspondi logo ao sorriso e o velhote chegou-se para meu lado, entrando logo na conversa.
— Então o menino está passeando?
Eu fitei o camarada com uma vontade louca de dizer que andava á procura duma porra, porém contive-me e respondi:
— Estou, sim senhor. Meu tio poz-me na rua.