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meu modo, e enquanto abrissem avenidas cá por baixo, pirava-me por esses subúrbios acima e só reapareceria com cinco tomos em 8º, já prontos, para meter figas à Literatura Brasileira do Sr. Sílvio Romero.

Aquilo é que havia de ser obra de fôlego, João, de fôlego e de volume!...

Apesar da maldade, esse desejo de silêncio, entre árvores, na solidão, faz-me compreender que, mesmo não sendo gênio, Lima Campos começa a preferir que o não importunem. Faço com açodamento a última pergunta sobre o jornalismo, e o escritor responde, devagar, fumando:

— O jornalismo, como se acha constituído atualmente, não me parece dos melhores, mas já houve tempo em que foi excelente, não direi como fator, porém como elemento animador — isso no tempo dourado, em que os espíritos cintilantes, robustos, limpos, sem invejas, sem receio de sombra e, sobretudo, sem esnobismo, eternamente moços e eternamente boêmios, de Patrocínio e de Ferreira de Araújo, eram as duas vidas, as duas almas simples e claras, as duas forças sadias da imprensa. Hoje, contudo, ele produz ainda, embora com menos freqüência, belas organizações literárias, e nós aí temos para provar o quanto o jornalismo pode, não criar, mas evidenciar o literato.

E voltando para mim, calmo, perfeitamente sério,