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e a hora atual. Quantos mestres! O Mestre, não! Já Vitor Hugo, no declínio da idade, exclamava, a um tempo com orgulho e com tristeza: "O fim do século é o fim de um dia enorme, glorioso, resplandescente, o ocaso de prodigioso sol: depois em seguida, luminosas, faiscantes, diversas, finas, deliciosas, as pequenas estrelas inumeráveis..."

Guardadas as proporções, a observação aplica-se ao Brasil. Atravessamos uma quadra de incontroverso talento e atividade. Sobressaem duas ou três estrelas de formoso brilho, em qualquer região da terra.

Nenhuma produção, porém, magnífica, soberana; nenhum incontestável centro planetário. É aliás, a situação literária de todo o Ocidente. Salvante Tolstoi, a quem agora caberá sem exagero o sumo epíteto de gênio?

No tocante a escolas, penso, também com Mendés, que ainda e sempre só há e só houve duas formas supremas para os surtos divinos do homem: a ode e a epopéia, o gênero lírico e o gênero épico.


IV

O desenvolvimento dos centros literários dos Estados tenderá a criar literaturas à parte?

— Mesmo nos países compostos, étnica e historicamente, de elementos heterogêneos,