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Luís Edmundo é o mais simpático dos nossos poetas. Alto, com uma fisionomia muito pálida, onde branquejam os dentes e cintilam os cristais das lentes, é a figura obrigada das primeiras sensacionais, dos hotéis up to date, das partidas de campo aristocráticas, dos five-o'-clock com senhoras distintas. Não há quem não goste do seu perfil, quem o tenha visto discutir, quem o tenha atacado. O elogio envolve-o. O primeiro livro de versos que resolveu publicar esgotou-se. O segundo também. O terceiro também. Um belo dia, diante de um absinto, o poeta, cujo excesso de elegância o faz comparável ao conde de Fésansac e a Wilde, resolveu partir para Paris. Ia continuar a sua filosofia de descrença amável, ia pôr em prática e em exercício — essa alma da geração que tão bem pintou no seu profundo soneto:

Na garupa e febril desse animal possante
Que me lembra um centauro enraivecido e bruto,
Vejo o Mundo passar, veloz e palpitante,
E a voz humana e a voz da Natureza escuto.