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trovas, benigna, indevidamente elogiadas pelos mocinhos que me aceitaram para seu colaborador.

Depois comecei a freqüentar o clube literário que havia na nossa cidade e ainda hoje existe, em cuja biblioteca pude encontrar-me com a literatura nacional e portuguesa.

Os poetas e os romancistas, eles e alguns críticos mais acessíveis, é que conquistavam a minha maior atenção, principalmente Gonçalves Dias, Castro Alves, Fagundes Varela, José de Alencar, Bernardo Guimarães e o autor de uma história da literatura portuguesa, cujo nome esqueci. Li Os Lusíadas, por indicação do meu professor de línguas; mas, de todo, não pude achar-lhes sabor.

Foi Gonçalves Dias quem sobrepujou as demais influências dessa época. Pelos meus quatorze anos de idade compus um poemeto, em não sei quantos cantos, ingênua imitação às poesias indianistas do autor do "I - Juca-Pirama":

Qual perla mimosa de nácar corada,

Que nasce encoberta no fundo do mar...

Era assim que começava.

Depois que fui sabendo traduzir do francês, ao mesmo tempo que manuseava Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro — os versos da Morte de D. João produziram-me um grande abalo —, fui lendo Vítor Hugo, Chateaubriand,