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Lembra-me de ter feito, aos quinze anos talvez, um ensaio intitulado Vítor Hugo e Emílio Zola, em que me declarava francamente pelo primeiro.

Chegando ao Rio com o propósito de preparar-me para o curso anexo da Escola Politécnica, estudos que iniciei num estabelecimento particular, um dia, por acaso, vi e comprei num livreiro A Filosofia d'Arte, de H. Taine, quase pelo mesmo tempo em que adquiria as Flores do Mal, de Baudelaire. Estas eu já conhecia um pouco de leitura superficial que fizera na província, levado pelo entusiasmo essencialmente comunicativo de um meu amigo, Emiliano Perneta, que chegava de S. Paulo, em período de férias.

As duas obras seduziram-me a tal ponto que eu reneguei as matemáticas e resolvi entregar-me de corpo e alma à literatura, participando isso mesmo a quem me cumpria dar satisfação a tal respeito.

Daí por diante entreguei-me ao estudo das ciências, da filosofia e da literatura em geral, com a decisão e o ardor próprios de quem julga que enfim encontrou o seu caminho. Ao mesmo tempo ia produzindo alguma coisa, mais verso do que prosa, então.

Não devo calar que Alberto de Oliveira, e Machado de Assis um pouco, principalmente na sua tradução d"O Corvo", de Edgar Poe, exerceram