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de crise, o planeta inteiro achando-se na perplexidade de quem não sabe ao certo para onde irá.

Há forças poderosíssimas em ação — há o movimento industrial e o movimento socialista; mas que pode conhecer antecipadamente o que vai resultar da incubação formidável a que assistimos?

Parece que o mundo terá dentro em pouco o seu eixo de influência inteiramente deslocado da posição em que se achava, e o governo da humanidade irá cair em outras mãos que não aquelas de quem mais dependeu até agora a marcha da civilização.

Mas até que ponto e como essa deslocação se há de produzir? Quais os seus resultados práticos? Que abalos ou cataclismas hão de provir daí, que modificações sofrerá com isso a geografia política e até o destino das diferentes raças humanas?

Nós outros, brasileiros, não temos sido de todo indiferentes a essas graves preocupações.

A maior parte dos nossos escritores, é certo, poetas, autores de contos, romancistas, ainda obedecem ao programa de há vinte ou trinta anos atrás. Seus amores, ou então o esplendor da nossa natureza e a poesia dos nossos costumes, os absorvem quase por completo. Eles são mais ou menos parnasianos no verso e naturalistas fazendo contos ou romance. Como exemplo,