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Eis-me, finalmente, chegando à última interrogação que me fizestes. Perguntais-me se "o jornalismo, especialmente no Brasil, é um fator bom, ou mau, para a arte literária." Encarado como função habitual, evidentemente aniquila boas vocações literárias, obrigando-as a trabalhos ligeiros, ao sabor do público, de quem se torna cada vez mais dependente. Assim considerado, prejudica de fato o jornalismo a boa literatura, o que infelizmente se acentua em um forte crescendo pela maneira por que se o faz modernamente, em que se exige mais um bom repórter do que um ótimo redator.

Se o encararmos, porém, como meio mais simples e mais pronto de entreter entre o literato e o público convivência necessária, iniludivelmente serviços reais ele presta às letras. Se não fora ele, como poderiam começar a aparecer belos talentos que posteriormente chegam a impor-se até aos editores?

Sim; não fora ele, como conseguiriam imprimir seus trabalhos inteligências que surgem, mas que os gananciosos editores não conhecem e a quem, portanto, não acolhem sequer com a devida cortesia?

Não, meu talentoso confrade, seja como for, não podemos negar que o jornalismo é um fator favorável ao desenvolvimento das boas letras em nossa Pátria.

Com máxima lealdade e tão resumidamente