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cada café corre desabrido esse processo epicamente nacional de sova literária, no interior das livrarias fervilham as novas escolas de arte. Como os homens variam e os livros não são lidos, oh! senhor Deus! ler todos esses volumes! Seria interessante fixar o que pensam ou o que não pensam os caros ídolos da nossa arte.

— Ídolos?

— O homem que escreve é sempre um ídolo. Mesmo quando escreve mal, o que não é raro. Quando alguém se destina a ser julgado, pode ter a certeza de ser pelo menos o culto de uma alma.

O tom sentencioso do meu venerável amigo começava a irritar e a convencer.

Ele, porém, continuava animado.

— Não se pode imaginar a admiração e o culto que se devota aos homens de letras nossos.

Eu conheci um estudante que acompanhava o Coelho Neto de longe e estragou com um pince-nez grau 7 os seus olhos sãos, só porque o Neto usava grau 7. São inúmeras as pessoas que recusam a apresentação de Machado de Assis porque estão convencidas da impossibilidade de balbuciar uma palavra diante do Mestre, e muito homem fino conheço eu colecionando tudo quanto escreve Olavo Bilac...