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Quer ver você a admiração? Vá a qualquer teatro onde esteja o Artur Azevedo. Basta que ele pare um momento para que em torno comece a crescer a onda dos espectadores no desejo de ouvir as palavras que, com o seu ar de Buda razoável, Artur murmura pachorrentamente. Imagine se cada uma dessas criaturas se resolver a contar, no silêncio do gabinete, as suas origens literárias, a sua formação, as preferências e principalmente o que julga do momento...

Seria o documento, a psicologia dos super-homens, o romanceiro da nossa vida de literatura, e nem por isso tão novo que assustasse. A França faz o mesmo todos os anos e a Inglaterra e a Itália têm no gênero dois livros capitais: Books which influenced me e I cento migliori libri italiani.

— Mas a admiração restringe-se a poucos. Os outros serão ouvidos, conhecidos talvez e, quem sabe? admirados. É sempre agradável ouvir a história de um homem, principalmente quando é curta. De resto, você vai fazer a história do momento literário. É preciso indagar a todos: parnasianos, líricos, decadentes, clássicos, naturalistas, sociólogos, ocultistas, anarquistas, impassíveis, humoristas, simbolistas, nefelibatas...