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— Ainda há disso?

— Há, há de tudo. Cada um desses homens dirá o que foi, o que é, o que pensa do futuro. Cada um desses homens julgará os outros, e, de súbito, mergulhado no círculo das variedades, ouvirá você os bons, os coléricos, os indiferentes, os irônicos, os altivos, os vagos, os místicos, debatendo-se no turbilhão das teorias d’arte.

Eu seguia fascinado o mistério visionador do conselho. O meu amigo parou.

— Talvez exagere. Em todo o caso há um resultado prático: o Brasil saberá enfim quais as tendências atuais da sua mentalidade e o público ouvirá a curiosa história das formações literárias, tão cheias sempre de nostalgia e de encantos.

— Qual! É impossível! Não tenho forças e tenho medo. Até agora convivi apenas com os crentes, que são simples e querem convencer. Os literatos, ao contrário, são cépticos e superiores. Que me dirão eles?

Mefistofelicamente o meu amigo esticou o dedo:

— Sei lá! Talvez alguns desaforos. Quando, entretanto, encontrares a má vontade na pele de um grande homem, corre ao mais novo dos novos e indaga a sua opinião. Ficas compensado