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Azevedo, Casimiro de Abreu e os sermões de Monte Alverne.

Paralelamente, ia lendo os clássicos portugueses e franceses. A leitura desses livros despertou-me o desejo de ler outros a que eles se referiam. Antônio de Castilho, o autor dos Ciúmes do Bardo, iniciava a publicação das suas traduções de Molière, e a leitura dessas versões levou-me a ler Molière no original para o cotejar com a traduções. Li assim a obra inteira do grande autor-ator e em seguida conheci a do bonhomme La Fontaine, a de Boileau e a de Scarron. No meu espírito já se manifestavam predileções, e o gosto pela forma apurada pronunciava-se. Percebi que precisava metodizar a leitura e estabeleci um plano. Comecei pelos poetas e prosadores espanhóis e notei que os que mais funda impressão deixavam no meu espírito eram Cervantes, Bartrina, Castelar e Campoamor. Passei depois aos italianos e a minha predileção manifestou-se por Dante e De Amicis. Dos ingleses foram Shakespeare, Dickens, Byron, Shelley, Carlota Brontë e George Elliot; dos alemães, Heine e Goethe; dos norte americanos, Longfellow e Edgard Poe. O autor do Corvo encantou-me e assombrou-me. Lendo-o, senti o desejo irresistível de escrever no gênero das suas Histórias extraordinárias. Fiz o que meu primeiro conto nesse gênero quando tinha 15 anos e ainda conservo