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O meio provinciano é uma campânula de bronze.

Mas, apesar de tudo, o mais humilde desses centros tem uma decisiva superioridade sobre a ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, associação aqui fundada em 1896 e que o meu amigo, que é lido e curioso, deve conhecer pelos fúnebres arruidos que produz de onde em onde. Superioridade: porque são sinceros e liberais, porque são determinados por um justo sentimento de defesa e uma ânsia ativa de progresso, e ainda porque são ingênuos, compostos, na sua maioria, de rapazelhos que têm uma visão estreita, uma compreensão provinciana e uma cultura imperfeita. Até aqui eles pouco têm influído, ou quase nada, de um modo direto, na literatura, quanto mais ao ponto de criar literaturas à parte. Mas acaso a Academia, nos seus nove anos de existência (existência é uma metáfora), acaso a Academia, viveiro de águias, nos seus nove anos de existência, tem revelado um pendor, mesmo ligeiro, para a formação de uma literatura nacional dos escombros das tentativas anteriores?

Não! Nove anos de inércia ante o aguilhão dos sarcasmos e nem um movimento para qualquer obra útil e fecunda. Ou a Academia matou esses quarenta imortais, ou esses quarenta imortais mataram a Academia.

Mas, além das causas gerais indicadas no 3º capítulo