Página:O Momento Literario (1908).pdf/219

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adverso aos governantes é um inimigo público. Querem-se cabos de eleição e não mestres de ensino.

Nem se faz questão de que haja uma instrução pública, senão de que exista um quadro de empregados, para prêmio dos apaniguados.

Esta é a situação geral, se, no entanto, excetuarmos três ou quatro Estados, que escapam, aqui e ali, a umas ou outras dessas argüições.

Desconfio bem que, não obstante a numerosa dialética que venho empregando, não respondi ao esfuracante quesito sobre os centros literários. Porque o que o meu delicioso amigo quer de mim é que lhe prognostique se o desenvolvimento de tais centros tenderá a criar literaturas à parte... Os séculos são, por natureza, longos, e o meu dom divinatório curto. Eu sou um oráculo tímido e prudente. Zelo a minha reputação: que dirão os meus tetranetos remotos, se no século XXX me encontrarem em falta, tendo feito errôneas previsões? Contudo, posso arriscar-me ao seguinte: com o Brasil de hoje, não creio; com uma nova Pátria, expurgada, regenerada e redimida, é possível. Porque o meu caro inquisidor bem sabe que tudo é possível. É possível que o Sr. Padre Severiano venha a ser canonizado. É possível que o modesto rabiscador destas singelas profecias e sentenças ainda seja um dos luminares da Academia de Letras.