despedindo os velhos amores, com o gesto calmo dos super-homens:
— Adeus, cruel! — Boa noite, minha querida senhora...
Neste momento, abriu-se a porta e apareceu o conhecido cronista, alto, corcovado, com o pescoço muito comprido e todo ele envolto num pijama lilás.
— Ia trabalhar?
— Ia; resolvera até não sair à noite.
— Há trabalhar e trabalhar.
— Era trabalhar no bom sentido. Sabe bem que eu deixo definitivamente essas criançadas da boêmia de jornal. O meu ideal é a paz do lar. Sinto que depois trabalharei muito mais. Ah! meu amigo, o que nos perturba, a nós outros, é a inconstância da vida sentimental!
Gravemente, João Luso sentou-se na poltrona.
— Tenho então que responder a um inquérito?
— É mais fácil que uma carta de amor.
— Conforme...
Pegou da carta que eu lhe enviara.
— Quais os autores que mais influíram na minha formação literária? Zola, Flaubert, Maupassant, Eça de Queirós e muitos outros.
Tomei do lápis, fui anotando os nomes, posto que tivesse a certeza de que o escritor para a sua formação tivesse antes sido Garrett, Júlio Diniz e Castelo Branco. Mas era uma certeza pessoal. Continuei.