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sentimentalismo choramingas de poeta lírico e desconsolado, pois não era?

Foi quando resolvi vender a minha pobre sobrecasaca, sombriamente longa, e o meu querido chapéu, sentimentalmente mole, a um estudante de farmácia, nomeado amanuense por concurso.

Desde logo detestei os poetas líricos, inclusive Lamartine, e atirei-me desesperadamente à leitura dos ardorosos simbolistas franceses.

Anos depois publiquei a minha primeira plaquette Agonia, que mereceu a honra de umas tantas descomposturas, solenemente passadas pela venerável crítica indígena. Crítico houve que a qualificou aterradoramente de dernier cri do nefelibatismo. Engoli calado o insulto, pelo alto respeito que dedico ao venerável sacrifício intelectual da crítica.

Entretanto, João, era um livro honesto, sentidamente trabalhado, sem pose e sem intenções preconcebidas de armar ao efeito.

A crítica, porém, condenou soberanamente a minha pobre plaquette e... esgotou-se a primeira edição.

Depois, a delicada compreensão artística de Lima Campos e a delicada espiritualidade de Gonzaga Duque abriram à minha modesta inteligência horizontes mais largos e mais claros e eu me fui educando aos poucos e aos poucos conhecendo os mestres da Arte escrita.