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O Sr. Rodrigo Otávio, da Academia de Letras, escreve-me a seguinte carta:

"Meu caro João do Rio. — Minha formação literária...

Mas, eu não sei mesmo se tive uma.

Em nossa terra, salvo exceções que se contam, as letras ficam no domínio do diletantismo. Muitos de nós, os chamados homens de letras brasileiros, mas realmente, na generalidade, professores, empregados públicos, advogados, jornalistas, muitos de nós, eu mesmo talvez, poderíamos ser, na França, por exemplo, homens de letras no sentido preciso, restrito da expressão.

Aqui, ainda o não somos e não será possível sê-lo enquanto a literatura não for uma profissão, um meio de vida remunerador e confessável.

Por enquanto é uma ocupação segunda, trabalho para as horas vagas, para o tempo que nos deixam as lides de nossa ocupação normal e principal.