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meu livro mais significativo e mais meu. De então para cá a minha obra, quer na fatura, quer no sentimento, quer na respiga do assunto, ressente-se das circunstâncias atropeladas em que tem sido feita.

Aqui, onde a gente começa tão cedo as graves funções da vida pública, a literatura passa desde logo a ser uma ocupação de segundo plano.

Assim foi comigo, se bem que a princípio não fosse assim. Como disse, não tinha pensamentos que não para as rimas de meus sonetos, para os hemistíquios de meus alexandrinos. Vivia com eles, com eles ouvia as lições dos mestres no velho mosteiro da Paulicéia, com eles ia aos meus passeios de notívago impenitente, a que não fazia mossa a fria garoa clássica de S. Paulo.

Poetas foram os primeiros companheiros do meu espírito. Na já referida biblioteca de meu pai, minha segunda fase, depois que passou a preocupação pueril da escolha dos títulos para "minha obra", — minha segunda fase foi de leitura apaixonada de versos. Ali eu encontrei toda a opulenta flora do espírito brasileiro, desde o Gonzaga, da Marilia, até Castro Alves, da Cachoeira de Paulo Afonso. De tantos, porém, Álvares de Azevedo, no verso como na prosa, foi o que mais fecunda impressão me causou.