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Minha primeira feição, inteiramente inédita e infantil, foi byroneana.

Por esse tempo meu pai me deu, prêmio de um exame distinto, os três volumes do teatro de Schiller. Depois, no ano seguinte, a esse volumes vieram juntar-se quatro tomos expurgados de uma tradução portuguesa dAs Mil e uma noites. E essas leituras abriram no meu espírito uma perspectiva extraordinariamente brilhante de fantasia e de sonho. Jamais deixei de ler essa obra estupenda, posteriormente, em edições outras que obtive, e ainda hoje a releio, já agora na primorosa tradução direta do árabe e cruamente literal do Dr. Mardrus.

Escrevi então meia dúzia de dramas e romances, cheios de agitação, pavorosos, extraordinários...

Mas, tudo isso passou, e essa feição primeira do meu espírito ficou ignorada para os homens, que nada perderam com isto; tudo passou, e a fisionomia com que me apresentei ao mundo foi o calmo e composto aspecto de um parnasiano.

Se eu pudesse ter continuado a evolução natural de minha tendência literária, teria ficado no terreno da ficção, fundamente romântico na essência, cuidadosamente parnasiano na fatura.

O impulso que eu trazia teve, porém, de se deter ante barreiras cada vez mais temerosas, e