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opulência dos parasitas e da ignorância das massas, o espetáculo deprimente da dor e da injustiça humanas, que despertam em todos os corações bem formados o desejo de ver estabelecidos entre os homens os princípios de eqüidade e de justiça, levaram alguns dos nossos artistas a pôr os seus dotes intelectuais ao serviço deste movimento de legítima revolta que, desde muito tempo, vem minando as bases do velho mundo da iniqüidade e do roubo. A arte social, pois, que aliás nada tem que ver com essa pseudo "arte social", que se ensaiou fabricar para o povo, a arte cuja essência verdadeira deve produzir uma emoção estética, profundamente social, já conta entre nós os seus cultores, e não seria difícil indicar algumas obras de mérito indiscutível e consagradas à propaganda do ideal de emancipação humana. A obra de Fábio Luz, esse sugestivo ideólogo, e o romance Regeneração, de Manuel Curvelo, dois belíssimos espíritos de quem temos ainda muito a esperar, para só citar estes dois nomes, revelam muito nitidamente a inspiração do grande ideal libertário, para o qual se dirigem agora todos os grandes espíritos e todos os corações generosos...

Propriamente luta entre antigos e modernos não será lícito afirmar que exista. Há alguns anos, e mais recentemente, há cerca de uns seis anos, houve um certo movimento de reação