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de Abreu e tantos outros.

Com a bagagem fartamente literária e tenuemente científica que tínhamos os que então procurávamos o estudo do Direito, trazíamos da adolescência o espírito cheio do romantismo puro de Hugo, Musset e Byron, canalizado para o Brasil por Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Castro Alves. Como base à retórica rançosa do tempo, algum conhecimento dos clássicos latinos, desconhecimento completo dos clássicos portugueses, que as seletas de então nos faziam odiar, e um estudo um tanto superficial de história, à moda do tempo. Como síntese, o deísmo vago que se deduzia do ecletismo de Cousin, o qual então constituía a filosofia oficial. Como aspiração, uma indômita curiosidade de saber e um anelo quase angustioso pela liberdade de pensamento e pela emancipação do espírito no terreno social, literário e filosófico. Acrescente-se a isto um republicanismo sentimental e palavroso, aprendido em Castellar e Esquiros, e eis descrito o mais fielmente possível o estado de alma da maior parte dos rapazes do meu tempo na época a que me refiro.

Nesta ocasião, porém, começava no Brasil, especialmente em Pernambuco, a propaganda da filosofia experimental e da arte naturalista. Ávidos de novidade, recebemos as doutrinas revolucionárias