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como a sonhada Boa-Nova, e cada um tornou a orientação mais quadrante às suas aptidões pessoais. Grande parte apaixonou-se pelo positivismo, vulgarizado por Littré de um modo tão sedutor.

Quanto a mim, apesar de toda a admiração que ainda tenho por Augusto Comte, nunca fui positivista. Desde o início me entusiasmei pelo evolucionismo conciliador e progressista de Spencer, para depois adotar a concepção monástica do mundo explicada por Haeckel e Hartmann e completada mais tarde pela síntese criticista de Kant e Schopenhauer.

Nesta época, Tobias Barreto, o grande mestre, eletrizava a mocidade com os estos de sua palavra fulgurante e imprimia nos que tivemos a fortuna de ouvi-lo o profundo sulco que se faz sentir em todos nós, muito depois de desaparecido o prestígio da sua empolgante personalidade.

Taine e Renan coroaram esta intuição, — o primeiro com a aplicação dos processos experimentais à crítica histórica, filosófica e artística, o segundo com o sorriso confortante do seu sadio cepticismo e da sua fina ironia. E foram estas as leituras básicas da intuição filosófica a que venho obedecendo há uns vinte anos.

Literalmente, como todos do meu tempo, devorei a série Rougon-Macquart, tomando ao pé da letra o romance experimental e estudando