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as árvores genealógicas organizadas por Zola com o confronto dos livros de psicologia de Ribot. Daudet, os Goncourt, Maupassant e sobre todos o imortal Flaubert foram com Zola os autores que mais fundamente me calaram no espírito e me fizeram considerar o naturalismo como a aplicação à literatura do espírito novo que então havia invadido a filosofia.

Posteriormente, as idéias, e principalmente os sentimentos sugeridos pela capitosa literatura do norte, me fizeram ler Ibsen e Tolstoi, Turgueniev e Dostoiévski, considerando assim alargado para a grande obra da regeneração social o plano relativamente estreito do romance experimental, como a princípio entendia Zola, o qual, aliás, nos seus últimos livros (Fécondité, Verité, Travail) seguiu esta orientação.

Como cultura geral, além de Dante e Shakespeare, sempre tive por escritores favoritos, entre os alemães, Goethe, Schiller, Heine; entre os franceses, Montaigne, Rabelais e Molière. Dos contemporâneos só Anatole France me desperta as impressões que ainda guardo das leituras de Renan.

Ultimamente volto as minhas vistas para os antigos, o que afinal é hoje o meio de saber alguma cousa de novo. Leio dos latinos Horácio, Virgílio, Juvenal, Plauto, e Lucrécio, e dos gregos (infelizmente através de traduções) Homero, Aristófanes, Sófocles e Ésquilo.