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Finalmente, para recuperar o tempo em que desdenhava os clássicos e achava elegante escrever em português afrancesado, dedico algum tempo por dia em ler: dos antigos Camões, Vieira, Bernardes e frei Luís de Sousa; dos modernos Herculano, Garrett, Camilo e Eça de Queirós, este último, já se vê, não como clássico mas como a organização artística mais completa de todos os que modernamente escreveram em português. São estes os autores que mais tenho lido. Terão eles concorrido para a formação do meu espírito? Não sei...

Os meus trabalhos? Pobre de mim! Andam esparsos por quanto jornal tem sido vítima da minha mania de escrever. De muitos já me esquece, de outros hoje me envergonho e dos que poderiam ter mais interesse formei um volume que a casa Garnier (sem reclamo) teve a bondade de editar.

Como tantos outros no meu caso, tenho na cabeça um ou dois romances, outros tantos livros de crítica, talvez um livro de história. Terei algum dia tempo e lazer para escrevê-los?

Considerando o momento atual, ninguém pode dizer que atravessamos um período estacionário. A freqüente produção de livros, embora em sua maioria pertencentes ao que José Veríssimo chama literatura apressada, o aparecimento de jovens e ardentes aptidões literárias, a publicação de novas revistas (nada menos de três que prometem