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penetrados do espírito moderno, todos três angustiados pelos problemas que perturbam a sociedade atual. As diferenças que neles se notam não fazem mais que acentuar a individualidade literária de cada um, mas não fornecem base para separá-los em escolas.

Em Alberto de Oliveira, o culto extremado da forma, a pureza do ritmo, "os versos marmóreos e espaçosos" como os desejava Sully Prudhomme. Em Bilac, o lirismo sensual, o deslumbramento pela plástica, o apaixonado anelo da beleza imortal. Em Raimundo Correia, o pessimismo delicado e doentio, a preocupação moral, a piedade sistemática pelo sofrimento. Em todos três, o verdadeiro espírito poético independente das efêmeras escolas, superior às ridículas subdivisões dos pretensos departamentos literários, que os fará sempre compreendidos e admirados seja qual for a época em que se os leia.

Ao lado deles temos uma boa porção de estimáveis poetas e um número infinito de fazedores de versos. Em todos domina o lirismo, essencial aos poetas brasileiros, oriundo da raça, bebido com o leite, difundido pelo quente sangue ibérico, no sensualismo ardente das duas raças inferiores com que ele se caldeou e enervado pela constante sugestão do nosso meio tropical.

Eis porque a poesia brasileira foi sempre lírica