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um psicologismo como que irônico; Lúcio de Mendonça, escritor de apurada linguagem; Medeiros e Albuquerque, Garcia Redondo, Afonso Celso e Artur Azevedo. J'en passe...

O gênero é por demais efêmero para que se lhe possam descobrir tendências.

Não creio que o desenvolvimento dos centros literários dos Estados tenda a formar literaturas à parte.

É verdade que atualmente se nota nos centros cultos dos Estados um movimento que já começa a ser pronunciado e que em muitos deles se prende a longínquos antecedentes. No Pará, no Ceará, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, até em Goiás fundam-se Academias, havendo mesmo no último destes Estados senhoras imortais. Isto, porém, constituirá uma tendência para formar literaturas exclusivistas, ou pelo contrario será uma manifestação do mimetismo literário?

No Brasil, o número dos que lêem é insignificante e, apesar de tudo, ainda é o Rio de Janeiro onde mais se lê. Os pequenos, corajosos e simpáticos grupos que nos Estados trabalham pelas letras lutam com dificuldades de todo o tamanho, desde a falta de editores até a escassez dos leitores. O Rio de Janeiro é sempre o grande centro para onde converge a vida social, política e cultural do país. Sem a sua consagração, dificilmente se podem formar reputações literárias.